terça-feira, 10 de agosto de 2010

Estrategistas da campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff


Maior controle sobre ações estratégicas
Estrategistas da campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff, pretendem criar cargos de assessores diretos do presidente para tratar da segurança e da economia, como nos EUA
Tiago Pariz

Marcos Paulo/AE

Dilma esteve na Rocinha para gravar o programa eleitoral gratuito



Brasília – A campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff, estuda uma proposta de reformulação de algumas atribuições da Presidência da República. A ideia é ter controle direto sobre questões estratégicas como segurança pública e economia, criando cargos de assessores seniores. A proposta é inspirada no modelo dos Estados Unidos, em que se dispõe de conselhos e escritórios específicos com responsabilidade de fornecer informação ao presidente. Na hierarquia do governo, os auxiliares ficam abaixo dos ministros e têm função consultiva e não propositiva de políticas públicas.

A proposta de criar um assessor para segurança pública na Presidência tem como objetivo mostrar o comprometimento de Dilma com o combate e repressão à criminalidade. Além disso, há componente político de contraponto à sugestão do candidato do PSDB, José Serra, que disse que, se eleito, criará o Ministério da Segurança Pública. Dilma apresenta como uma de suas bandeiras enfrentar a expansão do crack. O órgão consultivo seria incluído nas ações da Presidência.

Outra medida para diminuir a expansão da droga seria dar ao Ministério da Justiça a incumbência de tocar a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), hoje no Gabinete de Segurança Institucional. Essa ideia é antiga no governo Lula. O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos tentou deixar a Senad sob sua responsabilidade, mas esbarrou nos militares. O coordenador-geral da campanha de Dilma, José Eduardo Dutra, confirmou que a ideia foi apresentada, mas ainda não se discutiu o formato.

Estrategistas da campanha de Dilma gostariam de emplacar também um assessor para Assuntos Econômicos. Os dois se juntariam a um posto já existente, o assessor para Assuntos Internacionais. Esta cadeira é ocupada por Marco Aurélio Garcia, que tem Lula como função auxiliar em questões da América Latina. Dutra é contra a criação de um cargo de assessor para Assuntos Econômicos. “Já temos o Ministério da Fazenda para isso”, afirma.

A movimentação da campanha de Dilma se espelha no modelo norte-americano, mas ainda está longe de ser igual. Na Casa Branca funcionam conselhos de assessores para assuntos econômicos, qualidade ambiental, segurança nacional, administração, orçamento, política de controle de drogas, ciência e tecnologia e representante de comércio exterior. Nenhuma dessas funções se sobressaem ou são redundantes com as dos chefes de departamentos (o equivalente a ministros no Brasil).

Em paralelo à encorpada da Presidência da República, Dilma também gostaria de ter uma Casa Civil mais poderosa, resgatando atribuições de negociação política perdidas pela pasta quando Lula criou em 2004 a Secretaria de Assuntos Institucionais, em meio ao escândalo do caso Waldomiro. O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, braço direito de Dilma na campanha, seria um nome para esse cargo.

PROGRAMA A Dilma fez campanha no Rio de Janeiro ontem. Ela gravou cenas para seu programa eleitoral de televisão em um centro esportivo construído pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Rocinha. Em discurso, ela ressaltou pretender, se eleita, construir 800 centros esportivos como o que funciona na Rocinha. As obras seriam feitas entre 2011 e 2014. “Necessariamente, esses centros são cruciais principalmente dentro da política de conquista destas comunidades, transformando essas comunidades em comunidades pacificadas. O processo para chegar a isso começa com equipamentos sociais, começa com a volta do Estado investindo nessas comunidades e transformando essas comunidades em bairros. Porque a gente tem de reconhecer isso: no Brasil, no passado, o Estado saiu dessas comunidades. Simplesmente abandonou-as à própria sorte. Nós, com o governo do presidente Lula, voltamos não só a atuar nos sentido de garantir espaços como este, garantir educação, garantir saúde de qualidade, mas também atuando na mobilização da comunidade”, afirmou.

A candidata garantiu que o presidente Lula continuará presente em seus discursos. “Não tem a menor hipótese de diminuir”, afirmou, diante de uma piscina cheia de crianças que se exercitavam, de manhã, no Complexo Esportivo da favela.

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