APOSENTADORIAS VERGONHOSAS
Kátia Campos
Vamos conhecer um punhado de aposentados
que mereciam ir para a cadeia. Não há dinheiro suficiente na
Previdência para conceder aposentadorias dignas a muitos
trabalhadores que gastaram suas vidas na luta do dia a dia. Muitos
sustentam netos e filhos com seus parcos rendimentos, principalmente
no meio rural. Enquanto isso, não há sentimento de honra ou pudor
que impeça certos políticos de avançar no dinheiro público destinado
à Previdência. É um grupinho podre de ex-governadores aposentados.
Este tipo de aposentadoria foi considerado
ilegal pelo Supremo, que, em 2007, julgou ação de
inconstitucionalidade apresentada pela OAB, dando ganho de causa à
instituição. É que a Constituição de 88 eliminou o benefício
até para ex-presidentes da República. Pelo menos dez
estados ignoraram a decisão do Tribunal e continuaram pagando as
super-aposentadorias – cujo valor varia dos R$ 24 mil aos R$ 12 mil,
dependendo da unidade da federação – baseados em suas próprias leis.
A OAB promete voltar a contestar as super-aposentadorias.
ÁLVARO DIAS – GANÂNCIA DEMAIS E VERGONHA
DE MENOS
O senador Álvaro Dias, por exemplo, – o mais
veemente e contundente crítico dos gastos públicos durante os oito
anos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – quer
receber do Estado do Paraná, no Sul do Brasil, valores retroativos
de aposentadoria por ter sido governador de 1987 a 1991. Se
conseguir o que solicitou, Álvaro Dias vai acrescentar cerca de
R$ 1,6 milhão (13 salários anuais) ao seu
patrimônio de R$ 1,9 milhão, conforme declarado à Justiça Eleitoral
em 2006.
Álvaro Dias já é aposentado como ex-governador do
Paraná, e desde outubro do ano passado já recebe a bagatela de R$
24,8 mil todo mês. Além desse valor, ele recebe mais R$ 26,7 mil
todo mês, por ser senador da República. Rendimento mensal:
R$51.500,00 (Cinquenta e Hum Mil e Quinhentos Reais),
enquanto um brasileiro comum, que trabalha sob sol escaldante e
chuva torrencial, recebe R$ 510,00 (Quinhentos e Dez Reais). Álvaro
Dias recebe sozinho o salário de 103 trabalhadores que
recebem salário mínimo.
De acordo com o governo do Paraná, a solicitação
de valores retroativos relativos aos últimos cinco anos, feita pelo
senador, deve ser analisada pela Procuradoria-Geral do Estado.
Quando o escândalo veio a público, o senador Álvaro Dias se
justificou, dizendo que o dinheiro era para fazer caridade. Ora,
essa! Caridade com o dinheiro da Previdência?
Porque não usa o dinheiro dele? E quem engole uma desculpa dessas?
No Estado do Paraná, além de Álvaro Dias e de
Roberto Requião, também são beneficiados com a aposentadoria os
ex-governadores Paulo Pimentel, João Mansur, Emílio Gomes, Jayme
Canet, João Elísio Ferraz de Campos, Mário Pereira e Jaime Lerner.
Outras quatro viúvas também recebem pensão, entre elas a mãe do
atual governador, Beto Richa, viúva de José Richa, que governou o
Paraná de 1982 a 1986. É uma festa, um trem da alegria para ninguém
botar defeito.
MINAS GERAIS, TAMBÉM, UAI
Em Minas Gerais, no Sudeste do Brasil, além do
direito a um benefício mensal vitalício, dois ex-governadores
biônicos da ditadura militar engrossam seus vencimentos participando
de conselhos de administração de empresas estaduais.
Eles são Francelino Pereira e Rondon
Pacheco, que integram, respectivamente, os conselhos da
Companhia Energética do Estado (Cemig) e do Banco de Desenvolvimento
de Minas Gerais (BDMG).
A função de conselheiro não exige
comparecimento regular às empresas. Além da aposentadoria
como ex-governadores de Minas Gerais, Francelino Pereira recebe da
Cemig R$ 4.300,00, enquanto Rondon Pacheco R$ recebe do BDMG
R$4.500,00. Em Minas Gerais, a aposentadoria – ou pensão, no caso de
viúvas e filhos – vitalícia não é paga automaticamente e deve ser
requerida após o término do mandato.
VOTOU NO EDUARDO AZEREDO? ENTÃO, VEJA AÍ…
Dos sete ex-governadores mineiros vivos, três –
Itamar Franco, Aécio Neves e Newton Cardoso – disseram que não
requereram o benefício. Menos mal. Mas o ex-governador e atual
senador Eduardo Azeredo admitiu que recebe e criticou a
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que pretende contestar as leis
estaduais no Supremo Tribunal Federal.
No Estado de Mato Grosso que 15 ex-governadores ou suas viúvas recebem pensão vitalícia de R$15 mil mensais dos cofres públicos, somando uma despesa anual da ordem de R$ 2.600,00 milhões.
No Estado de Mato Grosso que 15 ex-governadores ou suas viúvas recebem pensão vitalícia de R$15 mil mensais dos cofres públicos, somando uma despesa anual da ordem de R$ 2.600,00 milhões.
APOSENTADORIA VITALÍCIA POR 10 DIAS OU UM
MÊS DE TRABALHO
Hoje conselheiro do Tribunal de Contas de Mato
Grosso, o ex-deputado Humberto Bosaipo integra a lista de
beneficiários. Tudo isso porque em 2002, como presidente da
Assembléia Legislativa, Humberto Bosaipo assumiu o cargo de
governador de Mato Grosso por dez dias durante uma
viagem oficial do então governador Rogério Salles ao exterior.
Também na condição de presidente da Assembléia
Legislativa do Mato Grosso, o então deputado Moisés Feltrin ocupou o
cargo de governador do Estado por 33 dias, o
suficiente para colocá-lo na folha de pagamento do Estado.
Outra integrante da lista é a ex-vice-governadora
Iracy França, que assumiu o governo durante viagens
do então governador Blairo Maggi em seu primeiro mandato.
A lei estadual no Mato Grosso que previa a pensão
vitalícia, extinta em 2003, garantia a aposentadoria até mesmo para
quem ocupasse o cargo de governador do Estado por apenas um dia, mas
desde que, nesse um dia, tivesse assinado algum ato governamental.
Vergonha em cima de vergonha.
Atualmente, segundo o governo do Estado do Mato
Grosso, são 15 as aposentadorias pagas a ex-governadores ou pensões
a suas viúvas, gerando uma despesa anual de R$ 2,6 milhões
aos cofres públicos.
Entre outros beneficiários em Mato Grosso estão
os deputados federais eleitos Júlio Campos e Carlos Bezerra, o
senador Jayme Campos e a deputada federal Thelma de Oliveira, viúva
do governador Dante de Oliveira, morto em 2006.
APOSENTADORIAS POLÍTICAS SÃO
INCONSTITUCIONAIS, DIZ A OAB DE MATO GROSSO
A Ordem dos Advogados de Mato Grosso (OAB-MT)
solicitou à Secretaria Estadual da Administração um relatório
detalhado sobre os pagamentos. Para Cláudio Stábile, presidente da
OAB-MT, além de interromper o pagamento das pensões vitalícias, o
Estado precisa receber de volta o que já foi pago, uma vez que
“Não existe direito adquirido contra a Constituição e essas
pensões são claramente inconstitucionais”, disse. Ferem o
princípio da igualdade de direitos e da moralidade pública. É roubo
mesmo, na cara dura.
Único político a figurar tanto na lista de
ex-governadores de Mato Grosso quanto na de Mato Grosso do Sul,
Pedro Pedrossian, de 82 anos, recebe aposentadorias/pensões
vitalícias nos dois Estados.
O primeiro mandato de Pedro Pedrossian como
governador foi de janeiro de 1966 a março de 1971, antes da criação
de Mato Grosso do Sul, em 1977. Após a divisão dos Estados, Pedro
Pedrossian governou Mato Grosso do Sul por dois mandatos. Ou seja,
aproveitou a oportunidade para meter a mão em dois estados, pelo
mesmo mandato. Somadas, as pensões de Pedro Pedrossian superam os R$
40 mil mensais.
Aos verdadeiros aposentados, aqueles que
de fato trabalharam por merecer e recebem menos do que deveriam, por
causa de ladrões e aproveitadores, fica aí o nosso abraço e o desejo
que continuem na luta e risquem do mapa políticos dessa laia.
Parabéns a todos.
(Fonte dos dados: Antônio Carlos Lacerda e R7 Notícias)
(Fonte dos dados: Antônio Carlos Lacerda e R7 Notícias)
Um comentário:
Aninha, bom dia!
parabéns mesmo pelo site!
Achei excelente esta postagem das aposentadorias vergonhosas, e fiquei mais revoltada ainda...
é por causa disto que eu e meu marido já há muitos anos zeramos o nosso voto que nos revoltamos que seja obrigatório no Brasil!
Parabéns, vou postar esta matéria nos nossos blogs
grande abraço
(nossos blogs)
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