sexta-feira, 22 de junho de 2012

Leonardo Boff cita ciência e religião em palestra ambiental em Ribeirão


"Ou mudamos ou morremos", disse Leonardo Boff sobre aquecimento global (Foto: Rodolfo Tiengo/ G1)

"Ou mudamos ou morremos", disse Leonardo Boff
sobre aquecimento global
Ciência e fé dividiram o palco do Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto (SP), onde o teólogo Leonardo Boff mesclou temas controversos para reforçar seu ponto de vista sobre sustentabilidade: “Pela primeira vez na história, podemos conhecer um grande desastre ecológico (...) Podemos [espécie humana] desaparecer”, disse o filósofo de 73 anos para as 1,3 mil pessoas que lotaram a conferência com o autor de livros como “A Águia e a Galinha” e “Sustentabilidade: o que é o que não é” na noite de segunda-feira (28).

A pegada científica do bate-papo voltado para a questão ecológica, uma prévia do discurso de Boff para a Rio +20, veio com menções à teoria de Gaia - concepção de que a Terra funciona como um único organismo vivo - para defender a necessidade de se alterar a ordem econômica e a utilização dos recursos naturais para os próximos anos.

“Há milhões e milhões de anos, temos exatos 21% de oxigênio, se fosse menos teríamos morrido. O equilíbrio da Terra é sutil”, disse, pouco antes de trocar argumentos da biologia e da química pelo olhar religioso. “A ordem de Deus era cuidar e guardar o Jardim do Éden. Se não fizermos, vamos transformar a terra em um matadouro de seres vivos”, afirmou o fundador da chamada Teologia da Libertação, citando passagens de Gênesis, livro do Velho Testamento.
 
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A evidência desse futuro incerto, segundo ele, está em um padrão de vida adequado para poucos, a despeito de uma maioria que ainda necessita do básico. “Esse sistema funciona bem para 1,6 bilhão de pessoas, para a grande maioria [da população mundial] é um inferno”, disse, sobre a falta de recursos materiais e sobretudo de comida.
As desigualdades mundo afora, de acordo com Boff, são provocadas principalmente pela exploração econômica de bens “sagrados” como a água e as sementes, atitude encarada por ele como “o último grande golpe do capitalismo” e por uma “crise de sensibilidade”. “Água não pode virar mercadoria. Colocaram preço em tudo aquilo que representa vida.”

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