quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Qual o papel da escola e da família na educação?


Este Artigo é do Flávio Lettieri. Aqui ele fala sobre a importância da conduta da Família na educação dos filhos e o papel da escola. BOA LEITURA!
Sou muito convicto sobre a importância da escola para a formação das crianças.

Não apenas pela transmissão do conhecimento, como também pela oportunidade de convívio e pela aprendizagem com as diferenças.
Na escola, longe da proteção dos pais, a criança exercita a sua autonomia e precisa aprender a se relacionar para obter aprovação e afeto em um ambiente onde não existe o amor incondicional que ela encontra na sua família.
Ela precisa se adaptar à seleção natural desse ambiente escolar.
E, nesse processo, os educadores têm papel fundamental, pois são eles que, através de sua autoridade institucionalizada e, dentro do possível, servem como equilíbrio para que os mais fortes não destruam os mais fracos.
O que eu percebo é que as escolas, de maneira geral, e os seus educadores estão cada vez mais atentos às necessidades emocionais dos alunos.
Cada vez mais, as escolas vêm inovando em suas metodologias pedagógicas para favorecer o aprendizado e tratando a discussão de valores e atitudes como uma prioridade.
Por outro lado, as famílias, por estarem cada vez mais perdidas no trato com as crianças, têm passado para a escola muitas de suas responsabilidades.
Com isso, infelizmente, a educação de valores, que outrora era dada em casa, passou a ser deixada na mão das escolas.
Como as crianças não recebem essa educação dos pais, a escola precisa dar essa educação para se garantir um mínimo de civilidade na relação entre os pequenos.
Ou seja, a escola não pediu para assumir esse papel. Ela foi obrigada a isso.
E o pior é que, ao mesmo tempo que esses pais não educam, muitas vezes se posicionam de forma contrária à educação escolar.
Se a nota está baixa, a responsabilidade nunca é da criança. A culpa é sempre da escola.
Se o aluno tem problemas de disciplina, a escola precisa “se virar” e encontrar uma saída.
Se a criança não tem limites, é porque a escola não enxerga que ela é apenas autêntica e criativa.
Aí, quando o problema se agrava e a escola dá um ultimato, os pais levam a criança para ser medicada pelo Psiquiatra.
Isso acontece diariamente nas escolas…
Na classe do meu filho, por exemplo, estuda o Luizinho (nome fictício, para uma situação real).
Ele é um garoto de dez anos, bonito, saudável e que vem de uma família estruturada e com bom nível sócio econômico.
De uns tempos para cá a escola vem tendo com ele um problema bastante atual: Bullying.
Nesse caso, o Luizinho não é a vítima, mas o agente.Sua intolerância se mostra, sobretudo, com os negros e com os obesos.Preocupada com a situação, a escola chamou os pais, que ficaram muito surpresos, afinal, em casa o Luizinho tem um comportamento excelente.Na opinião da família, provavelmente isso deveria ser algum problema com a escola.Como era de se esperar, o problema persistiu.No primeiro dia do retorno às aulas, ele fez um dos garotos literalmente chorar de raiva com seus comentários preconceituosos devido ao fato dele ser negro.E, é claro, esse comportamento desviante chama a atenção e ganha a simpatia dos outros alunos.Afinal, em um grupo de crianças, desde que você não seja a vítima, é engraçado ver o outro ser zoado.No caso do Luizinho, não é difícil diagnosticar o seu problema…No final do último semestre, houve um evento na escola com a participação dos pais.Na ocasião, como eu fiquei sentado ao lado do pai dele, pude compreender exatamente o que se passa com o menino.Na pouca conversa que tivemos e, sobretudo, nas piadinhas que ele contou enquanto esperávamos o início da atividade, ficou evidente a sua forma preconceituosa de enxergar a vida e a sua atitude arrogante diante das outras pessoas.
Como se diz no linguajar popular: “O cara se acha…”Em casa, o Luizinho não reproduz essa atitude.
Mas, na escola, demonstra exatamente o comportamento do pai.Essa ausência da família na educação moral da criança, somada ao modelo distorcido que ela encontra no pai, talvez transforme um garoto que poderia ser um cara legal em um adulto babaca.Talvez ele seja mais um cara com boa formação acadêmica, mas um “incapacitado emocional” para lidar com um mundo onde cada vez mais se valoriza a empatia.
Pior: devido ao seu currículo e aos seus conhecimentos técnicos, talvez ele ainda vire chefe de alguém…
Então, já que o Luizinho não pode contar com a ajuda da família para “virar gente”, tomara que, “para o bem de todos e a felicidade geral da nação”, a escola consiga assumir essa responsabilidade que não é dela e “dê conta do recado”.



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