quarta-feira, 8 de maio de 2013


O BOLSA FAMÍLIA DOS EUA E OS VAGABUNDOS DAQUI E DE LÁ


Falar do Bolsa Família nas rodas da classe-média no Brasil é algo desgastante.
 Os que discordam são sempre raivosos e olham os beneficiados com um ar superior, moralista e hipócrita.

No país, quem manda na cabeça da classe-média, normalmente incapaz de pensar, é a imprensa. E mesmo nossa imprensa já parou de meter o pau no programa.
É que reiteradas vezes, uma após outra, os dados comprovaram que é falsa a premissa de que todo mundo que recebe o benefício é vagabundo. Maior prova disso é a economia nordestina ter crescido nos últimos anos quase 50%. Tirando alguns rincões da China, altamente subsidiados pelo seu governo, praticamente lugar nenhum do mundo experimentou crescimento tão grande. A conta é fácil de se fazer. Mais dinheiro circulando, maior consumo, mais empregos. No Brasil, mais de 40% dos beneficiados já sairam ESPONTANEAMENTE dos quadros do Bolsa Família. Em outras palavras, o cara pobre quando consegue um emprego, vai lá e avisa que podem parar de pagar pra ele, e passar a pagar pra outro que precise.

Existem exceções? Claro, sempre existem. Corrupto é corrupto em qualquer classe social, o que muda é a quantidade de grana que se consegue roubar. Ou você mesmo nunca ouviu falar de mulheres que nunca casaram "no papel" pra não deixar de receber a normalmente gorda pensão do pai militar que morreu (esse benefício só vale pra quem tem direito adquirido, considerando que hoje ele é proibido)?
Ou do funcionário público que mesmo ganhando muito bem, desvia verbas e cobra propinas?
Ou quem sabe do executivo da multinacional que ainda que com um salário invejável, mesmo
assim surrupia a empresa na qual trabalha?

Precisamos aprender que corrupto é corrupto porque é corrupto, não porque é pobre e brasileiro.

O baluarte dos exemplos da nossa decrépita classe-média, os Estados Unidos tem provado disso de forma muito amarga. Altos executivos de empresas trilionárias pouco se lixam para a crise que eles mesmos criaram, de propósito (sim, porque com toda a desregulamentação, ganhavam mais dinheiro). Continuam exigindo seus cheques e o povo que morra de fome. O movimento Ocupe Wall Street não nasceu por acaso. Na outra ponta, o desemprego campeia na América. Os estados mais pobres também têm sua cota de desocupados que precisam de ajuda. Os "food stamps" (cupons de comida) e os cheques de assistência social desde há muito existem e especialmente nos tempos de crescimento econômico, ajudaram o país a dar uma força aos mais necessitados, até que eles fossem eventualmente trazidos ao mercado de trabalho. Isso quando a América tinha uma política econômica mais séria. Hoje, nos tempos de bandalheira neoliberal alguns programas ainda existem (os que resistiram a Reagan e Bush), mas o governo parece não muito preocupado em criar empregos.

Tanto é fato, que não consegue peitar um congresso de bandidos milionários.

Lucas Mendes em sua coluna na BBC Brasil traz um olhar sobre alguns beneficiários de programas de assistência naquele país. Em uns dos estados mais pobres e atrasados, americanos não muito  chegados ao trabalho deixam de ganhar 1300 dólares por semana na lavoura como colhedores,  para ganhar 260 como dependentes do viúva. É que o trabalho é "pesado".

E olha, nos Estados Unidos, que nossa mídia tão alienada proclama como exemplo pra tudo,
mesmo sendo um país que mal se aguenta em pé.

Aliás, convém dizer que a realidade americana está comendo pelas pernas mesmo nossos colunistas mais apegados ao Tio Sam.
Está sendo duro para eles reconhecerem que todo aquele trololó democutano que eles cresceram  ouvindo, está sumindo como areia pelos vãos dos dedos.

Não é mais só o brasileiro que é vagabundo. Não somos só nós que temos corruptos ou que
enfiamos coisas nos bolsos pra sair das lojas sem pagar. Seu país de exemplo não é
mais exemplo de nada.

Na verdade, há muito tempo que não é. O que demorou um pouco, foi aparecer as consequências de tanta barbaridade e liberalidade. É muita gente tendo que rever seus conceitos ao mesmo tempo. 

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