quarta-feira, 15 de novembro de 2017

UM GOLPE JUSTO, MAS UM GOLPE



Por Francisco Costa
Porque os miliquinhos da monarquia traíram o seu comandante em chefe, Dom Pedrinho Dois?

Ao contrário de 64, que foi um golpe conservador, para impedir o avanço da sociedade brasileira, principalmente das classes trabalhadoras, o golpe de 1889, PARA A ÉPOCA, foi progressista.

A classe dominante, como sempre, ancorada no egoísmo, no só tudo pra mim, estava revoltada com a Abolição dos Escravos, mas não porque houve a abolição, e sim porque queriam que a coroa os indenizasse por cada escravo liberto, como se a abolição tivesse sido uma expropriação.

Junto a isso, os progressistas reclamavam o voto universal e direto, para todos, já que era censitário, de acordo com o poder econômico do eleitor, o que dividia a sociedade imperial em castas.
Para piorar, porque bosta nenhuma fede tanto que não possa feder mais, a educação era elitista, só para os filhos da nobreza. 

Os negrinhos, indinhos, mulatinhos, cafuzinhos, e branquinhos vindos de Portugal como trabalhadores braçais estavam condenados ao analfabetismo por todos os séculos dos séculos, amém.

Para piorar ainda mais, numa sociedade machista de dar inveja no Bolsonaro, Dom Pedrito não tinha filhos, só filhas, e morto, a mais velha, Isabel, herdaria o trono.

Só que Isabel era casada com um conde muito parecido com o Marco Feliciano: arrogante, prepotente e sem conteúdo, o Conde d’Eu, e aqui cessam as diferenças porque o Feliciano é o Conde d’Á.
Para piorar, o d’Eu era odiado, não porque cobrava dízimos, mas aluguéis nas favelas cariocas, na época chamadas de cortiços, das quais ele era proprietário, da maioria.

Um cafetão de pobres, embora não fosse pastor.

Pra embolar mais ainda o meio de campo, maçons e católicos estavam às porradas, e Dom Pedro (era maçom) comprou a briga da maçonaria, desobedecendo determinações papais, fechando instituições e ordens católicas e condenando padrecos a trabalhos forçados.

Isso num país fortemente católico, com a bancada católica, na época, tão cretina quanto a bancada evangélica hoje, aliás como todo religioso, vide talibãs em Paris.

Mas não pense que os maçons eram bonzinhos não, eram do bloco conservador, como são até hoje.
Mentira? Anota aí: Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alkimin, José Serra, Silas Malafaia... Tudo maçon. Roberto Marinho era, boa parte dos generais da ditadura também.

Onde tem golpe e contra golpe tem maçon. Não sei como O chamam de Supremo Arquiteto, deveriam chamar de Supremo General, anauê!

Então quais eram as bandeiras dos republicanos? Voto universal, para todos, desde que machos e alfabetizados; escola para todos, fosse negrinho filho de ex escravo ou a filha querida da baronesa dos paus solitários; estado laico, sem padres nem maçons; igualdade entre negros e brancos (não fazia sentido os negros terem lutado na Guerra do Paraguai e não terem cidadania brasileira); direito de propriedade pra todo mundo, com o fim dos aluguéis nas favelas...

Para apimentar mais a suruba, o povo vivia um dilema: amava Dom Pedrito, o pop star da época, mas tinha um péssimo exemplo da vizinhança: último país a libertar os escravos, só o Brasil não tinha proclamado a república, ainda, éramos tucanos cercados de fidéis e guevaras por todos os lados, o que dividia como mulher gostosa e autoritária: ou se curva e usufrui ou entra em guerra e se tranca no banheiro sozinho, ô vida!

Os progressistas mandaram todas essa propostas para o senado, as PEC da época.

Acontece que o senado era conservador e mais renitente que hímen complacente (vai se informar, coxinha, se é que você sabe o que é hímen), com os senadores nomeados pelo imperador, como na ditadura militar (senadores biônicos) e com cargo vitalício, como hoje os ministros do STF e os acadêmicos da Academia Brasileira de Letras, que só tiram as bundas das cadeiras para colocar no caixão.

E os Cunhas, Aécios, Aloysios, Bolsonaros, Piccianis, Heráclitos, Agripinos da época recusaram tudo.
Só restou uma alternativa: golpe.

Foram até o Marechal Deodoro da Fonseca e disseram: é agora!

Mas havia um problema: Deodoro era monarquista e muito amigo, fiel, a Dom Pedrito, o que foi uma merda pra convencer o homem.

Por fim convenceram-no: não vamos derrubar o cara, só o Chefe de Gabinete dele, o Visconde de Ouro Preto.

O Chefe de Gabinete seria o que é hoje um Primeiro Ministro, num parlamentarismo.

Deodoro foi na conversa, topou, e sabe como é, nunca acredite no só a cabecinha... Derrubaram foi todo mundo, e no dia 15 de novembro de 1889 Deodoro arregimentou algumas centenas de soldados, dirigiu-se a um campo, hoje um grande jardim, o Campo de Santana, aqui no Rio de Crivela, cheio de cotias, cisnes e mendigos, de frente para o prédio onde hoje é o quartel general do comando leste, montou num cavalo, tirou o chapéu e gritou “viva a república”.

No mesmo dia, no final da tarde, a Câmara Municipal do Rio de janeiro, fez constar a existência da república em lei.

Pronto. Nasceu.
Hoje a criança republicana está fazendo 128 anos, com um curto intervalo de 21 anos, entre 1964 e 1985, uma época pouco república e muito cana.

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