domingo, 3 de dezembro de 2017

PT velho de guerra

Por Gustavo Conde



"Nunca pensei que a imagem do PT fosse reconstituída de maneira tão rápida. É impressionante. O golpe fez um favor sensacional à esquerda (só os esquerdistas fajutos acham que não; porque esquerdista, meu caro, pensa sempre na vitória, não na derrota).

Depois de 16 anos no poder, se o PT saísse "democraticamente" como só acontece nas boas democracias, em 2018, ele sairia desestruturado simbolicamente. Seria muito difícil recompor quadros e projetos, ainda mais com um país modificado (para melhor).

Provavelmente, o PT dividir-se-ia, não em dois, mas em vários partidos, em vários projetos distintos. Mas, não. Interromperam esse processo natural da história. Fizeram um favor ao
PT velho de guerra (o que, sinceramente, não sei se é bom; só sei que é fato).

O PT voltou a ser o partido do povo. Não que ele tivesse deixado de ser. A "imagem" dele deixou de ser, uma vez que foram 13 anos de imprensa ultraconservadora martelando e o próprio desdobramento natural que se dá quando um partido cria raízes no governo. Essa ruptura institucional drástica já impregnou o inconsciente da população brasileira como injustiça e como golpe.

Nem falo da percepção prospectada nas pesquisas. Não confio muito em pesquisas. Falo da percepção real, no dia a dia. De uns tempos para cá, nas padarias, nos postos de gasolina, nas feiras, em qualquer lugar que atenda pelo nome de "popular", as pessoas manifestam seu horror ao que aí está como cenário político e dizem comovidas "como era melhor antes".

Eu converso com as pessoas, adoro. Aprendo muito mais do que lendo a Folha (que leio porque tenho fetiche e para preparar aulas de redação usando seus textos como exemplos negativos). Enfim, a canoa virou e agora falta combinar com os russos.

A sensação é muito boa. É bom ver que o PT, esse partido que dominou todos os corações durante tanto tempo, que representou um jeito diferente de lidar com o poder público, com a própria eleição, com a própria democracia, voltou a ser o partido do povo, o partido que materializa todas as demandas da maioria da população. Mais um pouco e "ser petista" voltará a ser moda, como nos anos 80.

Aliás, é daí que vem toda essa "frustração difusa" da classe média com o PT. Eles embarcaram nos anos 80 por puro modismo: era chique ser petista. Aquela adesão, portanto, foi completamente vazia. Era um bando de tucanos enrustidos - perdão - que queriam parecer inteligentes.

Data vênia, podem vender a Petrobrás, a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, as Eletrobrás, Itaipu, o raio que os parta. A gente reconstrói tudo de novo e melhor.

É bom lembrar um dos significados de se entender como uma pessoa de "esquerda": uma pessoa de esquerda tem esperança e não lida com a frustração fruto de incompetência e preguiça intelectual. A esquerda FAZ. Elabora, projeta, reage, luta, dá as caras, cria, faz arte, canta, comemora, celebra, transa. Nunca é demais lembrar de tudo isso."

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